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sábado, 21 de novembro de 2009

“Lagos” Oceânicos - Scientific American


“Ruído” sísmico em dados de prospecção de petróleo pode decifrar o processo de mistura dos oceanos
por Lucas Laursen


BERTA BIESCAS E VALENTÍ SALLARÈS, Unidade de Tecnologia Marítima. Conselho Nacional de Pesquisas da Espanha.

SOANDO BEM: com cerca de 80 km de diâmetro, um anel de água quente e salgada no Atlântico, conhecido como meddy, foi detectado recentemente, com o uso de dados de pesquisas sismológicas realizadas há 15 anos.

Há três décadas pesquisadores descobriram aquilo que são essencialmente enormes lagos de água salgada no oceano Atlântico. Esses “lagos”, conhecidos em inglês como meddies, são lentes aquáticas em suave rotação, com até 100 km de diâmetro e 1 km de espessura. Eles fl utuam a algumas centenas de metros sob a superfície oceânica. Esses corpos grandes e cálidos, que, descobriu-se, vêm do mar Mediterrâneo, devem ter impacto sobre as trocas de calor no oceano – e sobre o clima do planeta. Mas os esforços para estudar os meddies – o que geralmente exige o emprego de sondas que medem diretamente a temperatura, salinidade e velocidade oceânicas – se mostraram muito dispendiosos, incomuns e esparsos para revelar como os meddies dissipam calor.

Agora, pesquisadores demonstraram que uma ferramenta emprestada da indústria petrolífera é capaz de gerar instantâneos rápidos e de alta resolução dos meddies. A técnica, utilizada inicialmente para encontrar reservas de petróleo sob o assoalho oceânico, emprega reflexões sonoras. Equipamentos de prospecção em navios disparam jatos de ar logo abaixo da superfície aquática; as ondas acústicas se propagam até o fundo e são refletidas para uma rede de microfones que vai a reboque do barco. O tempo de retorno das ondas sonoras revela a densidade do material pelo qual passaram.

As regiões de fronteira entre massas aquáticas também têm uma “assinatura” sonora, muito fraca, que a indústria petrolífera costumava tratar como simples ruído. Mas, em 2003, uma equipe liderada por W. Steven Holbrook, da University of Wyoming, nos Estados Unidos, adotou a técnica e criou imagens inesperadamente nítidas das fronteiras de densidade no oceano. Mudanças na densidade da água do mar resultam de mudanças de sua temperatura e salinidade. Como essas grandezas costumam ter valores específicos para cada corrente oceânica, os pesquisadores conseguiram visualizar interações entre frentes oceânicas, da mesma maneira que os climatologistas mapeiam as fronteiras entre regiões climáticas.

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