Subscribe Twitter Facebook

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

O mouse, rumo à aposentadoria

Hoje em extinção, já foi imprescindível para o desenvolvimento do computador pessoal e da internet
por Larry Greenemeier
© MIT
A história do mouse: Douglas Engelbart inventou o mouse originalmente como uma maneira de navegar no seu oNLine System (NLS), um precursor da internet
Há pouco mais de 40 anos, Douglas Engelbart apresentou seu “indicador de coordenadas X-Y para um sistema de exibição na tela” – mais conhecido hoje como mouse – durante uma apresentação de 90 minutos em um “monitor multiconsole, interativo, baseado em computador”, no Instituto de Pesquisa Stanford (SRI, na sigla em inglês), em Menlo Park, Califórnia. Esse evento, que contou com a presença de cerca de mil profissionais da computação e seria mais tarde considerado por muitos como a “mãe de todas as demos”, introduziu um grande número de aplicativos de computação como o mouse, o hipertexto, o endereçamento de objetos e a vinculação dinâmica de arquivos.

Engelbart, hoje com 84 anos, registrou a patente em 1967, mas teve de esperar três anos para que os Estados Unidos reconhecessem sua tecnologia, que forneceu a ferramenta necessária para se navegar em telas de computador cheias de gráficos com um simples movimento manual em vez de se arrastar ao longo de telas cheias de texto utilizando teclas ou um lápis de luz pressionado contra um monitor de raios catódicos. “Não sei por que chamamos isso de mouse”, ele comentou durante a demonstração. “Começou assim e nunca mais mudamos”.

O mouse original consistia de uma caixa de madeira com uma altura duas vezes maior que a atual e três botões na parte de cima, que se movia com a ajuda de duas rodinhas na parte inferior, em vez da esfera de borracha (trackball). As rodas – uma para a posição horizontal e outra para a vertical – formavam um ângulo reto. Quando se movia o mouse, a roda da vertical rolava pela superfície enquanto a outra deslizava de lado. O mouse foi se tornando mais ergonômico com o tempo e posteriormente fora madotas as trackballs, laseres e LEDs, mas o princípio é o mesmo ─ o computador registra tanto a distância quanto a velocidade com que o mouse se desloca e transforma essa informação em código binário para ser exibido na tela.

Engelbart inventou o mouse para poder navegar em seu oNLine System (NLS), um precursor da internet que permitia que usuários compartilhassem informações armazenadas em seus computadores. Engelbart desenvolveu o NLS com subvenção da Agência de Pesquisas em Projetos Avançados (Darpa, na sigla em inglês) do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, foi também o primeiro sistema a usar, com sucesso, o hipertexto para fazer a ligação entre arquivos (tornando a informação disponível por meio de um clique do mouse).

Como sua patente expirou antes que o mouse fosse amplamente utilizado com os computadores pessoais, em meados dos anos 80, Engelbart não recebeu reconhecimento nem royalties por sua invenção. Em 1971, a tecnologia do mouse percorreu o caminho do laboratório de Engelbart até o Centro de Pesquisas de Palo Alto da Xerox Corp. (PARC, na sigla em inglês), quando Bill English, engenheiro de computação que já havia trabalhado para Engelbart no SRI, se juntou à empresa.

A Xerox foi a primeira empresa a comercializar, em 1981, um sistema de computador acompanhado de um mouse ─ o 8010 Star Information System, mas o termo “mouse” não se tornaria parte do léxico moderno até a Apple torná-lo um equipamento padrão do Macintosh original, em 1984. O surgimento do sistema operacional Windows, da Microsoft, e os navegadores para internet aceleraram a expansão do mouse nos anos 1990 até a primeira década do século 21.

O trabalho de Engelbart no SRI terminou em 1989, quando a McDonnell Douglas Corp., seu último empregador, depois de sua divisão no SRI ter mudado de dono algumas vezes, acabou fechando seu laboratório. Naquele ano, Engelbart fundou o Instituto Bootstrap (hoje Instituto Doug Engelbart), uma empresa de consultoria, em Menlo Park, que encoraja pesquisadores a compartilharem descobertas e desenvolverem os projetos mútuos.

A Logitech colocou 1 bilhão de mouses no mercado, o que “mostra o sucesso desse dispositivo e o domínio da interface gráfica do usuário da qual faz parte”, relatou o analista Steve Prentice no Gartner Blog Network, em dezembro. Ele ainda acrescenta que os mouses não sobreviverão num futuro dominado por smartphones com telas sensíveis ao toque, notebooks com touchpads e controladores de videogames com acelerômetros embutidos (como os fornecidos com o Wii da Nintendo). Segundo ele, o mouse está como os dias contados; em menos de cinco anos estará nos museus de tecnologia juntamente com monitores de raios catódicos, cartões perfurados e outras tecnologias hoje honrosamente aposentadas após anos de serviços prestados fielmente em escritórios do mundo todo.

0 comentários: