Aqueles que adotam comportamento sexual entre o mesmo sexo podem estar agindo de acordo com estratégias de adaptação em vez de ir contra elas
por Katherine Harmon O comportamento homossexual parece explicitamente não-darwinista. Um animal que não passa adiante seus genes, acasalando com o sexo oposto em todas as oportunidades concebíveis, parece ser uma desvantagem evolucionária. Então, por que mais de 450 espécies optam pelo homossexualismo?
Dois biólogos evolucionistas da University of California (UC), campus de Riverside, pretendem responder essa questão em artigo no periódico Trends in Ecology and Evolution. “Esse comportamento está sendo muito observado”, disse Nathan Bailey, pesquisador pós-doutorado da UC Riverside e autor líder do estudo de comportamento homossexual em animais. “Mas levou muito tempo para as pessoas colocarem isso no contexto evolucionário.”
Depois de estudar dúzias de estudos sobre o assunto, Bailey e sua colega Marlene Zuk concluíram que, além de ser uma estratégia de adaptação, “esses comportamentos podem ser uma força”, disse Bailey. “Eles criam um contexto no qual a seleção possa ocorrer [diferentemente] dentro da população.”
Com os albatroses-de-Laysan, por exemplo, uma pesquisa mostrou que um terço de todos os casais da colônia desses animais no Havaí é composto por duas fêmeas. Esse comportamento beneficia os pássaros, pois a colônia tem muito mais fêmeas do que machos formando casais homossexuais. Tal dinâmica pode então forçar mudanças graduais no comportamento e até mesmo aparência física dos pássaros, enfatizaram os autores.
Entretanto, outros pesquisadores não se convenceram que tudo deve se ajustar dentro da rubrica evolucionária, adaptativa. “Devemos pensar além disso”, diz Paul Vasey, que estuda macacos japoneses como professor associado da University of Lethbridge no Canadá.
Seu trabalho mostrou que pelo menos entre as macacas o comportamento homossexual não parece ter nenhuma vantagem de adaptação, o que “não corresponde com a forma das pessoas pensarem sobre o assunto”, disse. Mas conclui: “Você não pode impor sua perspectiva sobre as espécies que está estudando. Tente entender o mundo em seus próprios termos.”
O que tudo isso significa para as discussões sobre homossexualidade humana? Certamente, diz Bailey, “pode haver uma dissonância” entre as disciplinas de estudo humano e animal, e ambas as arenas prometem ser campos férteis para pesquisas futuras.
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