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terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Pílula antienvelhecimento é produzida com erva chinesa

Estariam os segredos da juventude nas pontas dos nossos cromossomos?
por Mandy Kendrick
TRIFFET/ISTOCKPHOTO
De olho no relógio da vida: pílula atua sobre os telômeros
Na Terra do Nunca, Peter Pan ficou jovem para sempre. Na vida real, pesquisadores estudam os telômeros, ou regiões de DNA repetitivo nas extremidades dos nossos cromossomos, para tentar chegar a algo como uma versão real dessa história.

Os telômeros consistem de até 3.300 repetições da sequência TTAGGG do DNA. Elas protegem as extremidades dos cromossomos de serem confundidos com pedaços partidos de DNA que de outra forma seriam consertadas pelo mecanismo de reparo celular. Entretanto, cada vez que nossas células se dividem, os telômeros se encurtam. Quando ficam curtos demais, nossas células não conseguem mais se dividir e o organismo para de produzi-las. Com o tempo, esse processo leva ao envelhecimento e à morte.

A T.A. Sciences, com sede em Nova York, alega ser a única companhia no mundo a produzir um suplemento, em forma de pílulas, testado em laboratório e que demonstrou impedir o encurtamento dos telômeros, dessa forma suspendendo o processo de envelhecimento. O produto, TA-65, é feito com extratos da erva chinesa astrágalo, usada com propósitos medicinais por mais de mil anos, segundo Noel Patton, diretor-executivo da companhia.

O TA-65 é produzido na planta em níveis muito baixos, mas a empresa purifica e concentra a substância, que se imagina “ligue” a enzima telomerase (hTERT), que age mantendo ou alongando os telômeros. A hTERT normalmente está “desligada” nas células adultas, exceto nas células imunes, óvulos, espermatozoides e em células formadoras de câncer maligno.

As pílulas de TA-65 não necessitam de aprovação da Agência de Controle de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos porque está classificada como suplemento e não medicamento. Nesse caso, portanto, a T.A. Sciences não pode fazer nenhuma afirmação acerca da eficácia da droga na cura de doenças. Entretanto, Patton e Calvin Harley, diretor de ciências da Geron – empresa que descobriu o TA-65 – observa que pesquisadores encontraram uma correlação entre o comprimento dos telômeros e a suscetibilidade a certas doenças relacionadas com o envelhecimento.

A T.A. Sciences realizou a partir de 2002 testes com o TA-65 durante cinco anos. Os resultados do experimento antienvelhecimento podem ser encontrados no website da empresa. Patton afirma que vem tomando o suplemento há dois anos e que todos acima dos 40 na T.A. Sciences tomam o produto.

William Andrews trabalhou com biologia dos telômeros nos últimos 15 anos e é o diretor executivo da Sierra Sciences Ltda., empresa rival que busca substâncias que ativem a telomerase, mas também tem sido cliente da T.A. Sciences nos últimos dois anos e meio. Ele acredita que “tomar um indutor de telomerase é mais seguro que dirigir para o trabalho”, mas reconhece que existem alguns riscos desconhecidos na ingestão do produto. Por exemplo, a telomerase é a mesma enzima que faz com que células cancerosas parem de envelhecer ou se tornem imortais, portanto existe uma chance de que o TA-65 mantenha vivas células cancerosas que de outra forma morreriam, observa Andrews.

No entanto, segundo ele, a ativação da telomerase deve, primeiramente, manter os telômeros mais longos e na verdade, reduzir as chances das células se tornarem cancerosas. Ele também afirma que a enzima deve manter vivas por mais tempo as células do sistema imunológico, que lutam contra a maior parte das células cancerosas.

Outro problema com a ciência dos telômeros é que não existe um organismo modelo adequado para testes. Animais não envelhecem através do encurtamento dos telômeros, como ocorre com os humanos, observa Harley, acrescentando que “nem mesmo ratos ou macacos têm o mesmo sistema de envelhecimento por telômero. A melhor cobaia para os testes será o ser humano, no fim das contas”.

Para pacientes como Andrews, os benefícios em potencial do suplemento parecem suplantar os riscos. “Pessoas como eu, que decidem tomar o TA-65 e desejam tomar indutores de telomerase mais fortes no futuro, devem agir de acordo com a intuição”, observa.

Para os menos audaciosos, outros pesquisadores identificaram estilos de vida que ajudam a obter uma atividade da telomerase mais eficaz, sem o gasto de US$ 14 mil por ano de um tratamento com o TA-65.

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