O Sol nasceu em uma família de estrelas. O que aconteceu com elas? | ||||||
Muitas pessoas costumam procurar por solidão no céu estrelado, e ele é um lugar apropriado para isso. O céu noturno é escuro porque, em termos cósmicos, nosso Sol e sua família de planetas estão muito solitários. As estrelas vizinhas estão tão distantes que parecem meros pontinhos de luz; e as ainda mais distantes formam, juntas, uma mancha de débil brilho. As nossas sondas mais rápidas levarão dezenas de milhares de anos para cruzar a distância até a estrela mais próxima. O espaço nos isola, como o oceano isola uma pequena ilha. Ainda assim, nem todas as estrelas são tão segregadas. Cerca de uma em cada dez pertence a um aglomerado, um enxame de centenas ou até dezenas de milhares de estrelas formando uma estrutura com alguns poucos anos-luz de diâmetro. Na verdade, a maioria das estrelas nasce em grupos como esses, que geralmente acabam por se dispersar ao longo de bilhões de anos, misturando-se elegantemente com o resto da galáxia. Mas e o Sol? Teria ele, também, surgido em um aglomerado de estrelas? Se sim, nossa localização na Galáxia nem sempre foi tão desolada. Ficou assim após a dispersão do aglomerado original. Uma crescente gama de evidências sugere que sim. Embora o conhecimento convencional tenha sustentado que o Sol é filho único, muitos astrônomos agora pensam que ele é um dos cerca de mil irmãos que nasceram mais ou menos ao mesmo tempo. Estivéssemos nós na época do alvorecer do Sistema Solar, o espaço não teria se mostrado tão vazio. O céu noturno estaria cheio de estrelas brilhantes, muitas tão brilhantes quanto a Lua cheia. Algumas seriam visíveis mesmo durante o dia. Ao olhar para cima, machucaríamos nossos olhos. O aglomerado em que, provavelmente, o Sol nasceu há muito se foi. Juntei os dados disponíveis e especulei sobre como ele teria se parecido. A partir dessas propriedades inferidas, calculei as possíveis trajetórias dos membros originais do aglomerado pela Galáxia para descobrir onde poderiam estar hoje. Embora tenham se espalhado e se misturado com milhões de estrelas não relacionadas ao aglomerado original, elas deverão ser identificáveis com o satélite Gaia (Global Astrometric Interferometer for Astrophysics), da Agência Espacial Europeia, planejado para ser lançado em 2011. Suas órbitas e composições tipo-Sol servirão para isso. A identificação de nossos primos estelares perdidos permitirá aos astrônomos reconstruir as condições sob as quais a nuvem primordial de gás e poeira deu origem ao nosso Sistema Solar. |
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