Tratamento é voltado à regulação da glicemia, mas ainda causa polêmica
por Mandy Kendrick | ||||||
A empresa Living Cell Technologies, com base na Nova Zelândia, desenvolveu um tratamento de pacientes diabéticos do tipo I com células suínas, que promete eliminar os sintomas da doença. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 18 milhões de pessoas sofrem de diabetes, caracterizado pela incapacidade do corpo de produzir insulina. Essa falha é provocada pela destruição de células da ilhota – um tipo celular localizado no pâncreas, produtor de insulina −, por meio de um ataque imune inadequado. A empresa está coletando células da ilhota de suínos recém-nascidos e encapsulando-as em uma goma composta por algas, que evita a rejeição das células suínas pelo sistema imune humano. Atualmente, são realizados estudos com dez indivíduos, na Rússia; e, agora, oito pacientes passarão a receber o produto, denominado Diabecell, nas pesquisas neozelandesas. “Essa é uma abordagem inteiramente nova para o tratamento do diabetes e está voltada à regulação da glicemia, de forma que os diabéticos possam ter uma vida mais normal possível,” relatou Paul Tan, presidente da Living Cell Technologies, ao Prime News (jornal televisivo neozelandês), conforme mostra um vídeo postado no site da empresa. Alguns cientistas argumentam que a técnica é perigosa, pois aumenta o potencial de infecções virais (e outras) entre as espécies. Mas a empresa alega que possui uma nova instalação para criação suína, livre de patógenos; desse modo, os animais não entrarão em contato com organismos infecciosos. Martin Wilkinson, ex-presidente do Conselho de Bioética da Nova Zelândia, comentou a Ray Lilley, jornalista da Associated Press, que o risco dessa contaminação entre as espécies é “mínimo” e “pequeno o bastante para ser administrado pelos receptores humanos”. Na verdade, os testes clínicos começaram 13 anos atrás, mas o governo neozelandês logo os paralisou, para as investigações do conselho de bioética, que, por fim, deu o “sinal verde” no início deste ano. Michael Heyler, paciente que recebeu as células nessas primeiras tentativas, parece passar bem; as células suínas ainda estão produzindo insulina em seu organismo, de acordo com a entrevista que concedeu ao Prime News. Até hoje, houve poucos exemplos parecidos de xenoenxertos (transplante de tecidos entre espécies diferentes) bem-sucedidos. Se o Diabecell continuar a apresentar resultados eficazes, a empresa espera introduzi-lo no mercado em três anos, a um custo de U$100 mil por paciente. Todos os direitos reservados a Scientific American Brasil |
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