Novo método permite descobrir a temperatura interna do corpo de animais mortos há muito tempo
por Katherine Harmon
O apavorante e enorme Tyrannosaurus rex tem uma reputação de matar suas vítimas a sangue-frio. Mas será que esse dinossauro era ectotérmico (tinha sangue frio)?
Em função dos fortes laços evolutivos entre répteis (ectotérmicos) e aves (endotérmicos), torna-se difícil saber se os dinossauros também não eram capazes de regular a própria temperatura corporal interna.
Um novo método de estudar as ligações químicas de um mineral encontrado nos dentes e ossos desses animais pode finalmente oferecer uma maneira de resolver essa dúvida.
Pesquisadores descobriram isótopos pesados de carbono e oxigênio se ligam de forma diferente na versão biológica do mineral apatita (componente principal dos ossos e dentes de animais, vivos ou extintos). “Esses isótopos raros são propensos a se unir em grupos a baixas temperaturas; portanto, se medirmos a aglutinação com precisão suficiente, é possível descobrir em qual temperatura o mineral foi precipitado", explica Robert Eagle, pesquisador de pós-doutorado em geoquímica no California Institute of Technology e principal autor do novo estudo, publicado on-line no dia 24 de maio no Proceedings of National Academy of Sciences.
Uma maneira similar de examinar conchas ajudou os pesquisadores a estimar temperaturas, observado as ligações nas estruturas do carbonato de um cálcio.
"A maioria das pessoas utilizava esse método para observar as alterações climáticas ocorridas no passado e diversos problemas geológicos, como o aquecimento e resfriamento da crosta terrestre", diz Eagle. Mas a abordagem de John Eiler, professor de geologia e geoquímica no Caltech e co-autor do estudo, defende que a mesma análise pode ser aplicada à apatita remanescente nos dentes ou ossos fossilizados.
Eagle e seus colegas testaram o método em uma variedade de seres endotérmicos vivos e extintos, incluindo um dente de um elefante indiano moderno (Elephas maximus indicus), um dente de um rinoceronte branco moderno (Ceratotherium simum) e alguns dentes de mamutes extintos no final do Pleistoceno (Mammuthus primigenius). Sua análise obteve uma precisão de 1 a 2 graus Celsius para os animais modernos, conferindo uma aproximação de alta precisão para os animais que morreram milhões de anos atrás.
Descobrir se o T. rex era um animal ectotérmico não é apenas um uma forma de saciar a curiosidade, mas também de lançar uma luz sobre a forma de regulação de temperatura interna desses animais, que, como os autores do novo estudo observaram, "é um dos aspectos fundamentais para entender a biologia deles. O surgimento de animais endotérmicos foi uma grande mudança fisiológica ocorrida em uma fase desconhecida durante a transição evolutiva dos mamíferos e das aves”.
Como parte do estudo, o grupo também realizou testes com dentes de crocodilo-do-nilo (Crocodylus niloticus), dentes de jacarés americanos (Alligator mississippienis) e com esmalte das espécies do Mioceno. Comparando os endotérmicos extintos do Mioceno com animais ectotérmicos do mesmo período, os pesquisadores encontram uma diferença de 6 graus Celsius, revelando uma diferença mensurável entre mamíferos e animais ectotérmicos.
“Outras estimativas para os climas antigos foram baseadas em fósseis de plantas”, observa Eagle. “Todos os dados são, de certa forma, incertos já que são influenciados por outros fatores.”
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