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sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Serei físico, e agora?

No último vestibular (2011) fui aprovado para física na Universidade Federal Fluminense (UFF), mas ainda no segundo ano do ensino médio havia sido aprovado em segundo lugar na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) para o mesmo curso. Mas minha história com a física começou bem antes...
Quando criança, eu gostava de acordar cedo aos sábados para assistir ao programa “Globo Ciência” e esperava avidamente pela parte em que o físico Marcelo Gleiser explicava alguma curiosidade ou fenômeno. E jamais me esquecerei do dia em que ele explicou relatividade. Utilizando uma pequena superfície elástica, explicou a deformação que a matéria causa no espaço-tempo. Fiquei fascinado. A partir de então tomei Einstein como referência. Pode parecer pretensioso tomar um gênio como referência, ou até pouco original, já que muitos se inspiraram neste que é um dos maiores ícones da física. Mas não havia mais jeito, estava apaixonado pela física moderna.

Os anos passaram e cheguei ao ensino médio. Comecei a me preparar para o vestibular... No entanto, a possibilidade de cursar física era distante. Pretendia fazer engenharia, mas era demasiado indeciso sobre qual engenharia cursar. No primeiro ano pretendia fazer engenharia química, no segundo engenharia mecânica... Contudo, no terceiro ano, veio a pior indecisão: será que de fato quero engenharia? Por mais que procurasse, nenhuma engenharia me agradava por completo. Foi então que comecei a cogitar a carreira de físico. Comecei a conversar e perguntar sobre. Com isso, comecei a ouvir e ler histórias pavorosas. Algumas pessoas tentaram me desencorajar. Mas a idéia de ser físico não saía da minha cabeça. Nada me agradava mais. No entanto, certo dia acordei com a idéia na cabeça, por acaso era o dia de inscrição no vestibular da UFF. Era física. Estava decidido.
Pretendo seguir a vida de pesquisador, na área de física teórica e na física de altas energias. Não sei o que o futuro me reserva. Mas seja como for, escreverei mais aqui sobre a vida de físico à medida que for descobrindo. Por enquanto, sou um humilde universitário em férias.
Agora, aprovado, com a inscrição feita, apenas aguardo o início das aulas. Mas essa breve história me remete a alguns questionamentos. Por que hoje todos querem ser engenheiros? Por que o espanto nas faces alheias quando respondemos que seremos físicos? Por que cada vez menos pessoas procuram carreiras como física e matemática? Deixo as perguntas em aberto caros leitores.
Gostaria que aqueles que são físicos ou matemáticos dividissem aqui suas experiências. Como é ser físico ou matemático? Como é a vida nessas carreiras? Espero com isso, poder ajudar àqueles que estão indecisos como eu já estive um dia.

Vitor S. Chagas - editor do Clave de Pi

6 comentários:

O Variado disse...

Olá ! Sigo o seu blog a um tempo, e tenho o mesmo pensamento que o seu.
Estou no terceirão, e quero ser Matemático. Ano passado, fiz o vestibular da UFSC, e tive nota suficiente pra entrar em qualquer engenharia. Mas mesmo assim, quero Matemática.
A diretora da minha escola, quando soube do resultado, me procurou e disse: "Olha, primeiro eu quis te chingar, por escolher Matemática. Mas eu vi uma entrevista, dizendo que precisamos formar mais educadores, e agora te apóio"
Sempre que eu digo que quero fazer Matemática, me perguntam: "Vais ser professor ?", o qual eu arrebato com "Universitário, claro"
Parece que ser matemático ou físico é a pior coisa do mundo, fico indignado.
Abraço, Luiz Fernando Bossa.

Clave de Pi disse...

Olá Luiz!
É verdade. As pessoas reagem com espanto, isso é horrível... Também passei pra física com média suficiente pra engenharia. E sempre dizem: "por que não fez engenharia? Você é louco de fazer física..." Parece difícil para a maior parte das pessoas entender que gostamos disso.
A questão de trabalhar como professor também sempre surge. Cansei de ouvir: "Ah vai fazer física? Legal, o estado vai fazer concurso pra professor". As pessoas não conseguem ver outros ramos de trabalho. Nada contra lecionar. Mas em ensino médio não tenho vontade. Como disse no post, quero trabalhar com pesquisa. E quando falo isso, aí é que as pessoas olham com mais cara de incredulidade ainda...
Parece que somos seres de outro mundo, aberrações...
Se você diz que vai fazer direito, medicina ou engenharia, todos acham lindo. Mas se você diz que vai fazer física ou matemática, te lançam olhares tortos. É revoltante.
Grande abraço!
Vitor S. Chagas

Amanda disse...

Oi,
me formei em física e agora estou fazendo mestrado. E o que tenho a dizer em relação a reação das pessoas é assim mesmo, infelizmente os conteúdos de exatas não são os favoritos da maioria das pessoas por isso essa cara d nojo, e quando vc diz q faz física e eles pensam q é educação física =S
Mas espero q vc se encontre na universidade, pois vc estará no meio de pessoas afins e descobrirá ainda mais a beleza da física. E sobre ser professor, é uma coisa q não tem muito como fugir mesmo trabalhando com pesquisa e sendo professor de universidade.
Boa Sorte

Clave de Pi disse...

Amanda,
obrigado por compartilhar sua experiência! É, tenho consciência que acabarei dando aula. Ainda que seja numa universidade. Mas, desde que eu consiga trabalhar com pesquisa na área que eu quero, ficarei feliz. :-)

Obrigado!

Vinicius Branco disse...

É, Vitor. Felizmente você já vai iniciar essa jornada da carreira de físico que normalmente acaba junto com nossas vidas!

Eu ainda não sou nada. Estou estudando para fazer Física na USP. Meu objetivo é um pouco parecido com o seu. Física Teórica, mas mais astronômica. Ainda não sei como vou lidar com isso rs.

O mais importante, em todos os casos acima citados, é vc sempre manter o foco. Jamais se deixar levar pelo que dizem ou o que acham.

Quando eu disse que ia fazer Física, mas mais para me dedicar à pesquisa e a academia - detalhe no "academia" - replicaram: "Ahh, Educação Física, agora sim, bem melhor, ufa!"... Eu entendo o que dá vontade de responder depois do "ufa".

Espero ano que vem fazer parte dessa massa, dessa nova geração que irá, com certeza, revolucionar a ciência no Brasil tal qual a conhecemos, seja na educação ou na pesquisa.

Um abraço e boa sorte! Nos vemos em futuros congressos e prêmios nobeis - afinal, físicos teóricos estão sempre propensos a ganhar um... o Brasil ainda não tem um representante, que tal ser o primeiro? ;)

Clave de Pi disse...

Olá Vinicius,
É, o primeiro passo já foi dado! Verdade, uma das coisas interessantes dessa carreira, é que não existem 'ex-físicos'. Seremos para vida toda...
Espero que você consiga. A USP é uma excelente faculdade. Astronomia é legal. Tenho um considerável interesse em cosmologia e astrofísica.
Não adianta. Em física, sem dedicação você não consegue nem terminar a faculdade.
Sempre ouvimos as mesmas histórias, as pessoas não se conformam...
Boa sorte para nós dois! Obrigado, aceito sua proposta. Farei todo o possível pra ganhar um Nobel de Física. ;)
Grande abraço!
Nos esbarramos pelos caminhos da ciência!