Mesmo assim, o Islã tinha uma posição curiosa sobre a música, pois aceitava somente aquelas de caráter devocional e condenava os estímulos das músicas que não eram ligadas à religião. Apesar de não constar nada no Alcorão que condene música e dança, logo após a morte de Mohammad, os califas publicaram a seguinte nota atribuindo ao profeta:
"Música diminui a modéstia, aumenta a luxúria e solapa a virilidade. É como vinho e faz o que as bebidas fortes fazem. Se você precisa da música, no mínimo mantenha sua mulher longe dela.”
Eles acreditavam que a música relembrava sentimentos e emoções, influenciava os batimentos cardíacos e seu poder encorajava as pessoas a perderem o controle e praticarem coisas inaceitáveis, o que causou seu banimento em países de fundamentalismo religioso.
No ano de 750 aproximadamente, os Umayyads instituíram a música como entretenimento em parte da vida da corte
Seus sucessores, os “abbasids” continuaram a desenvolver a música, porém discretamente e dentro das cortes. Desde então, a música árabe como entretenimento veio ganhando maior aceitação, mesmo nos países mais religiosos.
Na dança árabe, é tarefa da bailarina expressar as emoções solicitadas pela música e durante as improvisações, destacar as qualidades do instrumento que sola, pois a dança árabe é determinada pelo acompanhamento musical.
Ao contrário da música ocidental, ela não desenvolveu o uso da harmonia. A razão básica é que a harmonia depende de um sistema tonal fixo (um espaço invariável entre notas). Toda a escala musical árabe tem certas posições fixas (tons e meio tons) como na música ocidental, mas entre elas existem notas sem lugar fixo e que caem em posições diferentes numa escala cada vez que são tocadas.
As únicas composições que podem incluir harmonia simples são aquelas baseadas em escala ocidental, como é o caso das gravações orquestradas modernas.
Para examinar a música de todos os países árabes, levaria muito tempo e daria o tamanho de um livro, pois a música oriental inclui muitas tradições desde o Iraque até o Egito. Notas, ritmos, instrumentos e estilos de canto variam de país para país; ainda assim, toda a música árabe compartilha de certas semelhanças, como por exemplo a fortíssima qualidade na improvisação e por ser, na sua essência, altamente melódica.
É difícil fazer a distinção entre música clássica e popular e/ou folclórica. A grosso modo, a música clássica é um refinamento da música folclórica ou popular. A música menos sofisticada, ou folclórica, é aquela que acompanha danças tradicionais e de roda, quando pessoas se reúnem informalmente, produzindo sons de palmas e usando instrumentos de percussão como o daff e o tabel.
Hoje, mesmo nos países muçulmanos mais rígidos, a música e a dança ocupa tradicionalmente um lugar especial na vida dos árabes. Os pequenos conjuntos de 05 ou 06 músicos deram lugar a verdadeiras orquestras, com instrumentos como órgão elétrico, metais e até mesmo guitarra. Uma música que, no passado, era principalmente improvisada, torna-se hoje mais estruturada.
Apesar desta estruturação, para apreciar a música árabe é preciso abandonar a expectativa ocidental de que ela será cheia de mudanças óbvias, pois este é o efeito hipnótico desta música: mudanças e variações inesperadas e muitas vezes sutis, que quanto mais ouvimos, mais ficamos surpresos e prontos para discernir suas sutilezas e nuances.
Um breve histórico da música árabe
Temos pouquíssimas fontes históricas sobre a música árabe. Segue abaixo um suposto histórico, resultantes de algumas tentativas de documentação sobre o assunto:
Final do século XIX (Egito):
- A invasão de Napoleão introduziu a notação ocidental para a música árabe que, até então, era quase que totalmente baseada na tradição local.
Início do século XX (Egito):
- Desenvolveu-se o clássico "Tarab" Egípcio, com a formação de uma orquestra clássica egípcia e com o domínio de uma voz. Junto a este crescimento, nasceram alguns famosos músicos e cantores, como Om Kalthoum, AbdeI Wahab, etc.
Metade do século XX (Líbano):
-Crescem e tornam-se famosos, trabalhando em grupos, os irmãos Rahbani e Fairuz. Esse grupo nasceu do boom cultural de Beirute, com os poetas e músicos trabalhando juntos para criar uma nova música com alma própria e diferente do Tarab egípcio. Esta criação manifestou-se em formas de operetas (shows musicais), concertos e recitais. Os Rahbani, com certeza, deixaram sua marca na música libanesa.
Presença da Música Litúrgica:
- É um tipo de música específica que acompanha os versos e as preces do Alcorão ( a “bíblia” muçulmana). Não pode, em hipótese alguma, ser usada para dança e seu uso é exclusivo para fins espirituais.
6 comentários:
Gostei muito da sua informação. Ajudou bastante, resumido e completo.
Obrigado pela observação. Não se encontra muita coisa sobre a música oriental, e quando vi este artigo, com certeza tinha de colocar.
Tem bastante coisa interessante relacionado a musica no blog. Estaremos postando mais em breve.
peguei meu trabalho aqui e tirei 10 na lata.
Ficamos felizes por isso!
Bom saber que nosso conteúdo está sendo útil e mereceu o 10 de alguém...
clave de pi...
sera que da para postar algumas palavrinhas falando do sentido das formas.ok?
Muito bom o artigo! O blog já está nos meus favoritos! Se puder postar alguma coisa sobre forma na música árabe, ficarei muito feliz!
Abraços!
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