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terça-feira, 31 de agosto de 2010

Coppe/UFRJ lança Ônibus a Hidrogênio com tecnologia nacional

O primeiro ônibus a hidrogênio do Brasil com tecnologia 100% nacional foi lançado, nesta quarta-feira, dia 26 de maio, em evento realizado no Rio de Janeiro. O veículo, desenvolvido pela Coppe, em parceria com a Fetranspor e com as secretarias municipal e estadual de transportes, circulará nas ruas do Rio a partir do segundo semestre de 2010.


O lançamento reuniu dirigentes de empresas privadas e estatais, representantes de governo e de instituições financeiras, entre outros agentes necessários para que o projeto seja viabilizado, modernizando o transporte da cidade e tornando o meio ambiente mais limpo e sustentável.


Considerado a evolução do transporte urbano, o ônibus conta com financiamento da Finep, Petrobras, CNPq e Faperj. Segundo a secretária de Estado do Ambiente, Marilene Ramos, que representou o governador Sérgio Cabral na cerimônia, o ônibus “representa a possibilidade de fazer a reconciliação entre o transporte público e o meio ambiente, oferecendo à cidade coletivos menos poluentes e ruidosos”. Para o diretor da Coppe, Luiz Pinguelli Rosa, o veículo atende perfeitamente à intenção da instituição de unir as questões energéticas com as mudanças climáticas.


Coordenado pelo professor da Coppe, Paulo Emilio, o Ônibus a Hidrogênio tem autonomia para rodar até 300 km


O desafio inicial do ônibus será o Challenge Bibendum, rali promovido pela Michellin, entre os dias 30 de maio e 2 de junho, no Riocentro, no Rio de Janeiro. Em julho, o coletivo circulará na Cidade Universitária, transportando professores, alunos e funcionários e, no segundo semestre de 2010, será operado pela empresa Real em uma linha na Zona Sul, segundo revelou o diretor de Mobilidade da Fetranspor, Artur César Soares.



“O hidrogênio desempenhará no século XXI o mesmo papel que o petróleo no século XX. Só que menos poluente e de mais fácil obtenção. É o futuro do transporte que estamos oferecendo à cidade. Já temos inclusive um planejamento para a industrialização deste ônibus”, frisou o professor da Coppe, Paulo Emílio de Miranda, coordenador do projeto, durante o evento.



O veículo, com tamanho e a aparência iguais de um ônibus urbano convencional (vista lateral de 12,5m), tem piso baixo, ar-condicionado, espaço para embarque de deficientes físicos e autonomia para rodar até 300 quilômetros. É movido a energia elétrica obtida de uma tomada ligada na rede e complementada com energia produzida a bordo, por uma pilha a combustível alimentada com hidrogênio. Isso significa um veículo silencioso, com eficiência energética muito maior que a dos ônibus convencionais a diesel e com emissão zero de poluentes. O que sai de seu cano de descarga é apenas vapor de água, tão limpo que, se condensado, resultaria em água para consumo.

Seu pioneirismo está no fato de terem sidos desenvolvidos no Brasil todos os equipamentos e subsistemas tecnológicos importantes para esta aplicação. O sistema de tração elétrica oferece partidas e deslocamentos suaves e permite otimizar o seu desempenho em função do ciclo de rodagem. Esse é o primeiro de uma série de três ônibus desenvolvidos pelo Laboratório de Hidrogênio da Coppe que fazem parte do mesmo programa da Secretaria de Estado de Transportes. O segundo ônibus será elétrico híbrido a álcool e o terceiro exclusivamente elétrico.

Os ônibus desenvolvidos na Coppe possuem o mesmo sistema de recuperação de energia cinética utilizado pelos carros de Fórmula 1. A diferença é que na Fórmula 1 esse sistema é voltado para ganho de velocidade e nos ônibus da Coppe para aumentar a eficiência energética e economizar combustível.

Entre 2010 e 2011, os três veículos rodarão na cidade do Rio de Janeiro, quando serão comparados aos ônibus convencionais. O objetivo é que os novos ônibus sejam uma opção de transporte sustentável para o Rio de Janeiro disponível para a Copa do

Mundo, em 2014, e as Olimpíadas, em 2016. “A Prefeitura tem um papel essencial para a implementação deste projeto. Tenho certeza que os parceiros encontrarão a solução técnica para viabilizar a produção em larga escala, de forma que na Copa e nas Olimpíadas os ônibus já estejam circulando”, afirmou o vice-prefeito do Rio de Janeiro, Carlos Alberto Muniz.

O projeto tem entre seus parceiros técnicos as empresas Weg, Rotarex, Busscar, Guardian, EnergiaH, Energysat, Electrocell, Controllato, Manvel e Hubz. Também conta com o apoio da Usiminas e da Eletrobrás. Também estiveram presentes ao evento o superintendente da SMTU, Waldir Perez; e o diretor de Pesquisa e Energia do Cenpes/ Petrobras, Paulo Roberto Barreiro Neves.


A nova economia do hidrogênio


Em 1874, no livro A ilha misteriosa, o escritor francês Júlio Verne profetizou que o hidrogênio seria o combustível do futuro. Naquela época, os cientistas já reconheciam a possibilidade de aplicação do hidrogênio para mover máquinas e haviam descrito os princípios de funcionamento de um conversor eletroquímico, que mais tarde viria a ser a primeira pilha a combustível.

Mas entre 1860 e 1890 foi desenvolvido o motor a combustão interna. A descoberta de crescentes reservas de petróleo fez o resto. Exceto por aplicações em naves, o mundo esqueceu a via eletroquímica, representada pelo hidrogênio e a pilha a combustível, e optou pela via térmica, representada pelos combustíveis fósseis e o motor a combustão interna, que são menos eficientes energeticamente, porém mais baratos e mais simples. Foi assim que o século 20 se tornou a era do petróleo.


Só agora, com a crise ambiental causada pela concentração na atmosfera do carbono proveniente da queima dos combustíveis fósseis, a velha profecia de Júlio Verne volta à tona.

Fonte: http://www.planeta.coppe.ufrj.br/artigo.php?artigo=1201

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