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segunda-feira, 19 de julho de 2010

Robótica e novas tecnologias permitem diagnósticos a distância

Pílulas inteligentes, monitores cardíacos sem fio e assistentes cirúrgicos robóticos podem reformular radicalmente o atendimento médico

CORTESIA DA PROTEUS BIOMEDICAL
O sensor das smart-pills monitora a evolução do tratamento e a sua observância pelos pacientes
Uma nova geração de aparelhos que utilizam comunicação sem fio, softwares sofisticados e bancos de dados baseados na computação "em nuvem" promete um tipo de assistência médica antes imaginada apenas nos hospitais do futuro.

Esses avanços, que variam desde sensores ingeríveis, monitores cardíacos sem fio, até braços robóticos que reproduzem os movimentos de um cirurgião prenunciam rápida queda de custos no exato momento em que os consumidores clamam por cuidados médicos menos dispendiosos. Monitoramento ininterrupto por meio de sensores sem fio, bioquímica avançada e o poder da computação remota, que investiga e combina dados de sintomas com causas prováveis, poderão ajudar os médicos a se unirem para realizar diagnósticos mais rápidos e corretos, onde quer que estejam.

"Esses desenvolvimentos agregam o trabalho de cientistas e tecnólogos de muitas disciplinas", diz Gordon Edge, inventor e ex-presidente do Conselho Diretor da Cambridge University-MIT. "Esse é o fruto da união de eletrônica, computação, química básica e microbiologia."

Nenhum avanço reflete melhor essa colaboração criativa do que as pílulas inteligentes (smart-pills), ou pílulas que incorporam sensores que emitem sinais e retransmitem dados vitais após a sua ingestão. Em conferência sobre inovações patrocinada pela revista The Economist, realizada em março em Berkeley, Califórnia, a Proteus Biomedical destacou-se pelos materiais pouco convencionais utilizados nas suas smart-pills.

Sediada em Redwood City, Califórnia, a empresa combina sensores feitos de substâncias encontradas em alimentos (entre elas cobre, magnésio e silício) com remédios já existentes, o que garante digestão segura e também reduz os custos, na medida em que substitui minerais mais dispendiosos, como o silício (cujos traços são encontrados na maçã e no aipo) por outros facilmente disponíveis. A Proteus diz que seu sensor ingerível, embutido em uma pílula, elevará o preço dessa pílula em apenas alguns centavos se produzido em larga escala. O alvo da empresa são os remédios para doenças cardiovasculares, psiquiátricas, diabetes e tuberculose. Hoje, o sensor já pode ser combinado a uma pílula em muitas áreas de diagnóstico. (Como esse é um novo mercado, não há dados disponíveis sobre o custo adicional de pílulas similares.)

Os sensores visam o monitoramento da evolução do tratamento e da sua observância pelos pacientes, ao retransmitir informações-chave após a ingestão da pílula. O sensor da Proteus envia um sinal de baixa potência, que resulta da mistura daqueles minerais com os fluidos estomacais, a um micro receptor eletrônico colado à pele como um band-aid. O receptor registra informações – como horários e datas de ingestão da pílula, atividades do paciente (padrões de sono, postura ou quedas ) e leituras das suas frequências cardíaca e respiratória – e as retransmite aos cuidadores profissionais via e-mails ou mensagens de texto, em tempo real.

A tecnologia permite aos médicos verificar se as pílulas são ingeridas conforme a prescrição, o que aumentaria a eficácia da medicação, ou, caso contrário, quais efeitos a falha da dosagem acarretaria à saúde ou ao comportamento do paciente. Wes Rishel, analista da Gartner especializado em tecnologias de assistência médica para hospitais e outras organizações, diz que o acompanhamento do efeito das pílulas inteligentes sobre as funções vitais do corpo ajudará os médicos a aperfeiçoar sua química: "As pessoas reagem de formas diferentes a diferentes medicamentos. Se você consegue reagir em tempo real à resposta do corpo a um medicamento, pode determinar mais rapidamente a dosagem correta."

John Kane, chefe de pesquisa de esquizofrenia do Zucker Hillside Hospital, de Glen Oaks, Nova York, está conduzindo uma pesquisa-piloto financiada pela Proteus para determinar os padrões de sono dos pacientes. "Para certas enfermidades mentais, as mudanças dos padrões são um sinal precoce de que uma doença está se acelerando", diz.

Um artigo publicado em 7 de abril no The New England Journal of Medicine indica que os medicamentos inteligentes poderão resolver outro problema: 50% dos pacientes não seguem as prescrições médicas, o que implica em cerca de US$ 100 bilhões anuais em custos de hospitalizações desnecessárias.

Do tamanho de um grão de areia, a smart-pill da Proteus, Raisin, está no estágio final de desenvolvimento com apoio da gigante farmacêutica suíça Novartis e da Medtronic Inc., especialista em tecnologia médica de Minneapolis. Conforme reportagem de setembro do Financial Times, a pesquisa da Novartis indica que a taxa de observância dos pacientes à ingestão da pílula híbrida cresceu, em seis meses, de 30% para 80%.

"Apesar de acreditarmos que somos capazes de administrar nossa saúde, não temos velocímetros ou medidores internos de gasolina", disse Andrew Thompson, co-fundador da Proteus, na conferência sobre inovações da Economist. "Para obter feedback, estamos conectando sensores a telefones celulares."                                                                                                                                                                                                                                                                                                      Todos os direitos reservados à Scientific of America Brasil                                                                                                                                    
  

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