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quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Vídeos Sobre Música e Matemática

Muito Interessante: Vale a pena Conferir!













Fechamos uma parceria - Baricentro da Mente

Anuciamos nossa nova parceria.

O blog Baricentro da mente agora é parceiro do Clave de pi.


segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Espécies ameaçadas terão DNA congelado

Museu Americano de História Natural preserva material para futuras pesquisas
por Katherine Harmon

Logo abaixo da exposição dos dinossauros, um laboratório no porão do edifício novecentista do Museu Americano de História Natural (AMNH na sigla em inglês), em Nova York, abriga a mais nova coleção da instituição: oito grandes cilindros criogênicos refrigerados por nitrogênio líquido. Chamada de Coleção Ambrose Monell para Pesquisa Molecular e Microbiana, o laboratório guarda milhares de microscópicas amostras genéticas congeladas. E a coleção recebeu alguns novos – e raros – espécimes.

Representantes do Serviço Nacional de Parques americano, responsável pela gestão das terras onde vivem muitas das quase 400 espécies de vertebrados ameaçados dos Estados Unidos, assinaram um acordo com o museu para a estocagem de amostras de DNA nos frascos refrigerados.

Esses recursos são realmente necessários para os estudos biológicos destinados a entender melhor a diversidade de vida no planeta”, afirmou durante a assinatura do acordo George Amato, diretor do Instituto Sackler de Genômica Comparativa do museu.

Entretanto, os novos associados não têm nenhuma intenção de reanimar linhagens extintas no estilo Jurassic Park. A esperança é usar essas amostras genéticas – mantidas a 160°C negativos pelo vapor do nitrogênio líquido em ebulição – como uma linha de base com o intuito de descobrir como espécies e populações estão mudando e se adaptando – ou não – às mudanças ambientais. Amato observou, no entanto, que “é difícil predizer qual o valor disso no futuro”.

Desde que o laboratório foi inaugurado em 2001, o AMNH está aceitando amostras doadas (em geral retiradas de sangue, osso ou tecido muscular) por estudantes graduados e outros pesquisadores. Juntamente com a manutenção da coleção, o museu disponibiliza gratuitamente pequenas amostras para estudo. “Muitas pessoas estão contentes por estarmos nos encarregando das amostras que estavam em seu poder,” declarou Julie Feinstein, que gerencia a coleção cuja capacidade total é de cerca de um milhão de amostras.

O que o museu oferece ao Serviço de Parques é algo que não poderíamos fazer nós mesmos”, afirmou Ann Hitchcock, encarregada dos arquivos do Serviço de Parques, que não tem instalações criogênicas próprias e depende de pesquisadores que armazenam amostras em universidades ou outros laboratórios.

O novo acordo também permite a criação de uma coleção de amostras mais uniforme – o AMNH providenciará kits especiais e material de remessa para os pesquisadores em parques nacionais. Também garantirá um processo de armazenagem mais estável que aquele que poderia ser conseguido em instalações menores, com a promessa, ainda, de que mesmo sem eletricidade, as amostras permanecerão resfriadas por cinco semanas.

Isso é simplesmente fantástico”, comentou a respeito do acordo Bert Frost, diretor associado de administração de recursos naturais e ciências do Serviço Nacional de Parques. Ele citou a ameaçada raposa-das-ilhas, encontrada no Parque Nacional da Channel Islands ao largo da costa sul da Califórnia, cujo DNA (obtido de amostras de sangue) provavelmente será uma das primeiras contribuições para a coleção. A raposa participa de um programa de reprodução em cativeiro para recuperar sua população.
“Se tivéssemos perdido esse animal, teríamos perdido toda essa informação genética”, disse Frost. “Agora com uma instalação como essa, se alguma coisa catastrófica acontecer, e venhamos a perder um animal ou uma espécie, ao menos teremos algum material genético seu” para estudar.

Todos os direitos reservados a Scientific American Brasil.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Como são gerados terremotos e vulcanismo

Choque de placas que formam a crosta da Terra provoca fenômenos que têm como usina de força o núcleo do planeta
por Ulisses Capozzoli

Linhas vermelhas marcam bordas de placas, como gigantescas balsas rochosas, em que se divide a crosta terrestre
O motor de tantos sismos como vulcanismo é uma descoberta recente na história da ciência. Foi em 1912 que o astrônomo e metereologista alemão Alfred Lothar Wegener (1880-1930) expôs os esboços do que ficou conhecido como tectonia de placas. A versão finalizada destas idéias é de 1915 e, por surpreendente que possa parecer, até meados do século passado havia certa resistência em relação a elas.

A idéia básica de Wegener, reformulada em detalhes, foi comprovada nos anos 60, beneficiada pelo refinamento e especialmente processamento de dados com a disponibilidade crescente de computadores. As novas gerações, para quem os computadores integram a banalidade dos eletrodomésticos, podem surpreender-se com essa realidade. Mas era assim, na infância de seus pais.

As placas tectônicas podem ser pensadas como enormes balsas rochosas flutuando sobre uma camada pastosa e mais densa, o manto, que se estende por mais de 5 mil km e envolve um núcleo líquido no interior do que está o caroço sólido da Terra. O manto não é uma porção uniforme e está dividido entre uma parte superior, mais densa, separadas por uma região de transição.

Com alguma frequência se compara a crosta, superfície fraturada da Terra, com a casa quebrada de um ovo cozido. Cada porção inteira, na casca fraturada do ovo, seria uma placa. Mas essa analogia, como qualquer outra, tem limitações. As placas tectônicas, comparativamente, quase sempre são blocos maiores que as menores e mais numerosas porções da casca partida de um ovo cozido. Outra analogia que ajuda a compreender a estrutura da Terra é considerar a crosta, superfície sobre a qual vivemos, como a casca de uma maçã em relação à polpa, neste caso, as camadas inferiores.
As placas incluem tanto regiões emersas – como a América do Sul, situada sobre a placa Sul-Americana – como áreas oceânicas. Sondagens com a ajuda de ondas de choques de sismos, entre outras técnicas, demosntraram que as placas oceânicas são mais finas que as massas continentais. Nos oceanos elas teriam espessura infeiror a 10 km contra até 90km sob os grandes maciços montanhosos.

As placas são postas em movimentos pelo calor do centro da Terra. A usina de força dessa energia interior inclui o calor remanescente da formação do planeta, há 4,6 bilhões de anos, a radioatividade produzida por núcleos pesados e instáveis como o urânio e mesmo a pressão gravitacional.

Há 600 milhões de anos um único um imenso supercontinente, a Pangéia, envolto também por um único oceano, o Panthalassa, começou a fracionar-se. A Pangéia voltaria a se recompor, formando a Pamgéia II. Mas nessa divisão formou o Gonduana, que incluiu terras que hoje formam a América do Sul, a África e a Antártida e a Laurásia, reunindo a atual América do Norte, Europa e Ásia.

Quando expôs sua teoria Wegener foi chamado de “aventureiro” e “charlatão” por ousar propor que o rígido e imóvel aparente sob os nossos pés na verdade é plástico e está em movimento. Ele explicou sismos e vulcanismo pela ação das placas, por atrito ou estiramento. Nas regiões de contato, como acontece entre a Placa Sul-Americana e a Placa de Nazca, no Pacífico, o atrito faz com que Nazca, menos densa, mergulhe sob a balsa Sul-Americana. Esse mergulho levanta a borda oeste da Placa Sul-Americana e está na origem da enorme cadeia Andina que ainda cresce alguns centímetros por ano. O estiramento cria estruturas como a Dorsal Atlântica, que percorre o Atlântico no sentido norte-sul.

O atrito acumula um enorme esforço na borda das placas e quando a estrutura rochosa dessas áreas cede sob essas forças, libera energia sob forma de sismos. É como se um martelo gigante golpeasse essas regiões. A destruição nas bordas das placas faz com que material das profundezas atinja a superfície sob a forma de vulcanismo. Mas tanto sismo como vulcanismo podem ocorrer no interior de placas por outros processos envolvendo torções da placa. Sismos podem ainda ser produzidos pela formação de enormes reservatórios de hidrelétricas ou por acomodações de falhas geológicas.

O trabalho de Wegener, que morreu fazendo pesquisas na Groenlândia, é fundamental para a montagem do enorme e complexo quebra-cabeças envolvendo tanto a previsão de sismos com a atividade vulcânica. Evitar prejuízos materiais e especialmente perdas humanas depende fundamentalmente dessas previsões. Por enquanto, boa parte desse desafio ainda pertence ao futuro.

De certa forma, é surpreendente que o encaixe, como peças de um quebra-cabeças, envolvendo a costa ocidental da África e a costa do Brasil não tenha sugerido mais cedo a idéia de que um dia eles tenham sido únicas. Há uma versão de que o filósofo inglês Francis Bacon (1561-1626) considerou esta hipótese, por volta de 1620. Depois disso houve quem relacionasse a partilha de uma terra única com o dilúvio bíblico. No século 19 o astrônomo inglês George Howard Darwin (1845-1912), segundo filho do naturalista Charles Darwin, propôs que o leito do oceano Pacífico teria se formado pela separação da massa que originou a Lua.

A separação das terras que hoje formam a África e América do Sul está na origem do Atlântico Sul, oceano que continua crescendo a velocidades em torno de 2 cm ao ano devido ao afastamento das placas.

A vigilância das placas mesmo para a detecção dos sismos silenciosos com o uso de satélites do sistema GPS pareceria pura ficção científica à época de Wegener. Os satélites GPS (da sigla em inglês para Global Positionning System) em órbita da Terra utilizam quasares como referência a seus próprios posicionamentos, compensando, por exemplo, ligeiras perturbações na rotação da Terra por fenômenos como o El Niño.

Os quasares, astros mais luminosos do Universo, são estruturas ainda enigmáticas, tidas como núcleos de galáxias em formação. Os quasares só são observados a enormes distâncias, o que significa que estão muito afastados de nós também no tempo. De qualquer maneira, distantes bilhões de anos no espaço-tempo, permitem avaliar deslocamentos de poucos milímetros na superfície da Terra. Mesmo levando-se em conta muitos outros movimentos como a distensão do espaço atribuída ao Big Bang, o vôo do Sol acompanhado dos planetas em direção à constelação de Hércules (ápex solar) e mesmo o giro da Terra em torno do Sol. Na realidade, ainda hoje, tudo parece apenas ser ficção.

Todos os direitos reservados a Scientific American Brasil.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Arte, Ciência e Música


Quanto à música, há também vários episódios que a ligam à ciência. Os Pitagóricos, para além de matemáticos, eram músicos, e o conceito de musica universalis está directamente relacionado com esse apego. Mais tarde, no século VI, o filósofo Anicius Boëthius (c. 480–524 ou 525 DC?) dividiu a ciência em sete áreas — gramática, dialéctica, retórica, aritmética, geometria, astronomia e música —, considerando as três primeiras disciplinas com um todo, e as últimas também como um conjunto. Depois, dividiu a música em três categorias: musica mundana — relação entre os corpos cósmicos, uma ideia na linha da musica universalis pitagórica —, musica humana — a harmonia do corpo e da alma —, e musica instrumentalis, música composta, vocal e instrumental. Mais recentemente, Gotfried Leibniz (1646-1716) escreveu: a música é a conta aritmética oculta no espírito inconsciente. Para alguns músicos, filósofos e cientistas, a matemática não é apenas a linguagem das ciências naturais e da engenharia, é também a linguagem da música. As composições soberbas de Johan Sebastian Bach (1685-1750), e a relação destas com a matemática têm sido amplamente estudadas, sendo certo que Bach utilizou a secção de ouro e a sucessão de Fibonacci em algumas das suas fugas para órgão*. Em 1436, Guillaume Duffay (c. 1400-1474) compôs e apresentou o motete Nuper Rosarum Flores na consagração da Catedral de Florença (após a conclusão da cúpula por Filippo Brunelleschi). Há estudos que asseguram que a estrutura do motete reflecte as proporções do edifício.
A música e a medicina também têm alguns pontos de contacto. Desde que Gioseffo Zarlino (1517-1590) e Athanasius Kircher (1601-1680) abordaram a relação entre música e saúde, foram publicados vários estudos sobre as propriedades terapêuticas da música. Um dos episódios mais pitorescos desta relação entre música e medicina é a tarantella, uma dança do Sul da Itália que se julgava ser capaz de curar as mulheres (alegadamente) vítimas de mordeduras de tarântulas.
Estes exemplos (e muitos outros que ficaram por contar) mostram-nos que as artes e as ciências, para além de partilharem alguns traços nos seus processos criativos, sempre se alimentaram mutuamente. No entanto, àqueles que ouvem acriticamente os discursos de alguns dos seus agentes, pode parecer que estes campos gémeos, nos quais se manifesta o conhecimento humano, sempre estiveram de costas voltados. Embora os objectos artísticos contemporâneos sejam tantas vezes criados com o auxílio de novas tecnologias, a postura geral é de cisma. Mas este é apenas um capítulo de uma disputa mais ampla entre ciências e humanidades identificada por Charles P. Snow (1905-1980) na célebre palestra The Two Cultures (1959). Depois, nos anos noventa do século passado, as guerras das ciências atingiram o auge e a arte foi arrastada pela histeria. O Homem da Renascença caiu no esquecimento.
(...)
*Recentemente, a musicóloga Helga Thoene afirmou que a Partita para violino nº2 (1717-1723) de Bach tem corais escondidos na sua estrutura que formam um epitáfio musical da sua falecida mulher, Maria Barbara (1684-1720).
Carlos M. Fernandes, in ROBOT ARTe, catálogo da exposição de Leonel Moura com o mesmo nome

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

O Avanço da Astronomia no Brasil


Realização da assembleia da IAU no Rio é reconhecimento da capacidade de nossos astrônomos
por Augusto Damineli
A astronomia brasileira está conquistando um novo estágio em sua história. Isso fi cou claro na realização da Assembleia Geral da IAU no Rio de Janeiro, entre 3 e 14 de agosto passado. Na avaliação dos aproximadamente 2.500 cientistas participantes, o encontro foi um dos melhores dos últimos tempos.

A escolha das sedes das assembleias da IAU é definida especialmente pelo interesse da comunidade internacional pela atividade astronômica no país e pela competência dos anfitriões em organizar um evento tão complexo como esse. Ao longo de duas semanas foram realizados 31 congressos, sendo 19 deles com brasileiros em seus comitês científicos.

Essa participação não foi apenas por cortesia dos estrangeiros, pois a reputação de um congresso é avaliada pela estatura científica do comitê. A comunidade internacional já havia notado que nossa astronomia cresce a uma taxa acima de 10% ao ano em termos de publicações e formação de doutores desde 1970. Esse crescimento é ímpar no mundo. Além disso, o Brasil tem investido em projetos de grande porte, como os telescópios Gemini de 8 metros (no Havaí e Andes chilenos) e o Soar de 4 metros (nos Andes chilenos). Alguns de nossos astrônomos têm demonstrado competência na gestão desses projetos, como também em comissões internacionais que publicam revistas científicas e a própria IAU, onde temos a vice-presidência.

Para os pesquisadores e estudantes da área, o acesso a dados científicos nunca foi tão abundante. Além dos telescópios Gemini e Soar, compramos acesso temporário ao Telescópio Canadá-França-Havaí (CFHT, na sigla em inglês), de 3,6 metros, no Havaí; por troca de tempo com o telescópio Gemini temos acesso aos telescópios Keck de 10 metros e ao Subaru de 8 metros (ambos no Havaí). E, por troca de tempo com o Soar, temos acesso ao Telescópio Blanco de 4 metros (no Chile).  Continuação: Clique Aqui

Cérebro é mais econômico do que se pensava


Pesquisadores descobrem que uma função do cérebro dos mamíferos consome muito menos energia do que supunha antigo modelo
por Katherine Harmon
ISTOCKPHOTO/KTSIMAGE
Cérebros de mamíferos parecem conservar a energia na parte frontal da comunicação da sinapse
O cérebro humano é um escoadouro de energia inacreditável. Tomando apenas cerca de 2% da massa corporal, o órgão usa mais de um quinto da energia do corpo. Cálculos cada vez mais precisos do balanço da energia do cérebro no nível do neurônio (célula nervosa) são importantes para os pesquisadores, dos analistas de imagens por ressonância magnética funcional (fMRI) aos biólogos evolucionistas.

Há 57 anos atrás, os ganhadores do prêmio Nobel Alan Hodgkin e Audrey Huxley propuseram um modelo para calcular a energia entre as correntes eletroquímicas nos neurônios – um grande passo em direção ao entendimento de como o cérebro funcionava e como dividia recursos. O único problema era que o sujeito do estudo não era uma pessoa, nem mesmo um roedor. Era uma lula gigante. Agora pesquisadores encontraram um modelo mais preciso para cérebros de mamíferos que torna algumas de suas operações três vezes mais eficientes do que aquelas das equações baseadas na lula.

Para transportar a informação, os sinais químicos disparam através de trilhões de sinapses da célula cerebral (conexões entre neurônios). O modelo de Hodgkin–Huxley propôs uma divisão de 50/50 do uso da energia para os dois processos chave do axônio (o potencial de ação onde os íons estabelecem uma diferença de carga eletroquímica através da sinapse, uniformizando o caminho para sinais químicos; e o potencial pós-sináptico, a restauração do estado elétrico depois que um sinal químico é enviado).

O novo trabalho, relatado on-line na página da Science, propõe que em cérebros mamíferos a divisão seja de fato mais próxima a 15% para picos (potenciais de ação) e 85% para a modificação de sinapse subseqüente. Embora o uso de energia total pareça ser o mesmo, a divisão pode ter implicações importantes na compreensão de como os cérebros modernos se desenvolveram.

Como os mamíferos são capazes de armazenar tanta energia na extremidade frontal? O cérebro de lula de Hodgkin e Huxley disparou mais íons que se sobrepuseram, exigindo mais energia para restabelecer um diferencial eletroquímico. Os cérebros dos mamíferos, contudo, parecem estar bem distantes do movimento dos íons, diminuindo a quantidade de restaurações do diferencial de carga necessárias após a ação. “Quanto menos cargas você desloca, menos energia você precisa usar para restabelecer a graduação”, observa Pierre Magistretti (diretor da Escola de Ciências da Vida – Instituto da Mente e do Cérebro, no Instituto Federal de Tecnologia da Suíça, em Lausanne) que escreveu um artigo sobre acompanhamento de perspectivas na Science.

Os cientistas que estudam o cérebro muitas vezes dependem de cálculos de energia para estimar as localizações onde a energia é introduzida e consumida. “É difícil produzir números para estas estimativas”, afirma Arnd Roth, autor de estudo e pesquisador sênior no Instituto Wolfson para Pesquisa Biomédica da University College London. “A culpa não é deles”, observa ele sobre os pesquisadores que têm trabalhado de acordo com suposições agora refutadas.

As descobertas podem eliminar o “longo debate sobre qual desses processos consome a maior parte da energia”, observa Magistretti. Contudo, talvez ainda haja alguns descrentes: O novo estudo foi feito em ratos, mas Roth está razoavelmente confiante de que os resultados seriam semelhantes para seres humanos. “Temos agora outro modelo” para substituir meio século das velhas equações de Hodgkin-Huxley, afirma ele, acrescentando que, nos axônios dos ratos, “a forma é semelhante; as mesmas moléculas estão envolvidas, de forma que isso pode sugerir que eles devam comportar-se de maneira semelhante” em pessoas. Os testes de Roth e sua equipe foram limitados aos axônios no hipocampo, e ele observa que os axônios devem ser testados em outro lugar nos ratos para assegurar que o uso de energia é padrão através de todo o cérebro.

De que forma a nova proporção afetará a análise de imagens do cérebro também permanece discutível. Como observa Magistretti, “todas as técnicas funcionais de abordagens cerebrais que são usadas para explorar a atividade cerebral, fMRI ou PET (tomografia por emissão de pósitrons), medem o uso de energia em áreas que estão mais ativas do que outras”. Mas esses tipos de imagem medem esse tipo de uso de energia indiretamente e sendo assim, Roth afirma que “é problema do pessoal de fMRI levar isso em conta e decidir o que isso significa para as imagens que estão vendo”.

Por haver tamanha diferença em eficiência entre a lula gigante e os pequenos ratos, surgem grandes questões para Roth e outros interessados em como o cérebro se desenvolveu. “É curioso o fato de que na lula o uso da energia não parece ser ótimo”, afirma ele. A diferença pode ser, pondera ele, que a lula depende mais de seus neurônios para comunicar ações rápidas para escapar e assim sacrifica a eficiência da energia pela velocidade. Um viés em favor da eficiência poderia, por sua vez, ter permitido aos mamíveros evoluir para aperfeiçoar seus cérebros, caso respondessesm mais lentamente.

Tal proposta coloca outras questões: qual seria o índice de eficiência ideal? Quais são os outros intercâmbios, como a confiabilidade?

Enfim, parece estranho a Roth que um erro tão grande deve continue persistindo por anos depois que a prova foi possível. A versão da eficiência foi, porém, tão bem aceita que estava “subjacente à mente das pessoas, não manifesta”, afirma ele. Ninguém teve pressa em investigar: “Isso precisa ser assim? É uma lei da natureza?”

Entenda a computação quântica

Computador quântico já funciona


Computador quântico: refrigeração (ao alto), filtro de ruídos (centro) e chip

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Refugo da melancia será o próximo biocombustível?


Frutos rejeitados e condenados a apodrecer podem gerar etanol
por Lynne Peeples
Yasonya via iStockphoto
Acúcar simples facilita conversão ao etanol
Vinte por cento das melancias nunca chegam à mesa do piquenique. Mais exatamente, uma em cada cinco é deixada para amadurecer e apodrecer no campo, rejeitada até mesmo pela mais leve imperfeição cosmética. Mas os pesquisadores do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) podem ter encontrado uma maneira de levar as melancias rejeitadas a objetivos mais nobres do que os churrascos de verão: produção de biocombustivel.

Como consumidores, não escolheríamos aquelas melancias deformadas ou marcadas se estivéssemos no supermercado,” avalia Wayne Fish, (do Laboratório de Pesquisas Agrícolas do Centro-Sul pertencente ao Serviço de Pesquisas Agrícolas da USDA em Lane, Oklahoma), principal autor de um artigo sobre a ideia de biocombustíveis à base de frutas, publicado no jornal Biotechnology for Biofuels. “Assim, os agricultores nem mesmo as colheriam.”

Com um percentual tão significativo de sua colheita simplesmente deixado para ser arado de volta à terra, os fazendeiros se questionavam sobre o que poderia ser feito. “Qualquer coisa que façam para agregar valor à colheita significa mais dinheiro em seus bolsos e pode ser a diferença entre uma perda e um lucro modesto”, observa Fish.

Depois de ouvir isso muitas vezes, a equipe do USDA começou a se perguntar: o que uma melancia sem aparência e forma perfeitas tem a oferecer? Considerando o crescimento da indústria do biocombustível, eles querem saber se a fruta poderia de alguma forma ser transformada em combustível.

Os biocombustíveis são criados por meio da decomposição e posterior fermentação de açucares complexos. Com o milho, uma fonte de biocombustivel cada vez mais popular, o amido deve ser tratado primeiro com enzimas especiais para separá-lo em unidades básicas de açúcar. As melancias, por outro lado, abrigam naturalmente o açúcar simples, permitindo assim mais eficiência na conversão para o etanol.

As quantidades de combustível resultantes não são insignificantes. “Se você pegasse 10 toneladas de melancia – aproximadamente a quantidade de melancias colhidas por acre – e fermentasse tanto o suco da polpa quanto a casca, conseguiria cerca de 435 litros de etanol”, comenta Fish. No entanto, ele observa que a concentração relativamente baixa de açúcar das frutas (cerca de 10%) presta-se a um uso mais eficiente como suplemento ou diluente para outros cultivos de biocombustível.

Esse suculento antecessor do etanol não é o único tesouro que se esconde sob a grossa casca verde. A melancia também é rica em licopeno, substância carotenóide que torna sua polpa vermelha, e L-sitrulina. Isso inspirou a idéia dos pesquisadores de primeiro colher esses nutrientes e depois fermentar o suco da fruta, transformando-o em combustível para uso dentro e fora das fazendas. Combinados os custos de mão-de-obra e transporte a produção pode não ser conveniente, mas uma empresa no Texas está trabalhando num “sistema mobilizado de processamento” que pode ser introduzido campo a campo. Fish prevê que um protótipo esteja em operação já na colheita de melancias do próximo ano.

Em vez de levar Maomé à montanha”, comenta Fish, “podemos levar a montanha até Maomé.” E com a melancia mais pesada do mundo alcançando o recorde de peso de mais de 113 kg, alguns produtores podem mesmo se sentir como se estivessem movendo montanhas.